quinta-feira, 31 de julho de 2008

DESNUTRIÇÃO INTRA HOSPITALAR IMPACTOS PARA A ENFERMAGEM

Posted on 23:34 by oncare


Nós, profissionais da equipe de saúde que trabalhamos na área de nutrição, sabemos do elevado índice de desnutrição intra hospitalar que acomete pacientes em todo mundo. Sabemos também da necessidade de se dar atenção ao estado nutricional do paciente, cuja meta é não deixar os pacientes receberem calorias em quantidade, e qualidade, menor do que sua necessidade.

Mas para o enfermeiro que trabalha em outras áreas, quais os conhecimentos mínimos que deve ter sobre o estado nutricional do paciente e que cuidados devem ser dispensados à alimentação no período de hospitalização, que possam contribuir para reduzir os níveis de desnutrição e melhorar a resposta ao tratamento?

Na Austrália, Kowanto (J Clín. Nurs 1999) em um estudo sobre conhecimentos e atitudes no cuidado de enfermagem, concluiu que existem dificuldades para priorizar o cuidado nutricional nas atividades diárias de enfermagem

Freitas, em seu trabalho apresentado em Portugal, durante o Congresso da ESPEN em 2004, aplicou questionários sobre avaliação nutricional, em profissionais da área de saúde de 05 hospitais em Lisboa, e observou que somente 37% dos enfermeiros tinham um conhecimento mínimo sobre nutrição. Além desses, outros estudos relatam também a mudança constante do staff, dificultando o envolvimento dos profissionais com os pacientes, o conhecimento dos enfermeiros e a intervenção para melhorar o cuidado nutricional.

Os estudos do IBRANUT (2001) e do ELAN (2003) demonstraram a necessidade de haver mais atenção ao estado nutricional dos pacientes, no dia a dia atribulado da enfermagem.

Os guias elaborados pela Sociedade Européia de Nutrição Parenteral e Enteral (Clinical Nutrition 22 (4): 415-421, 2003), com objetivo de detectar risco nutricional em pessoas da comunidade, de hospitais e em idosos têm a proposta de dar orientações simples para se detectar desnutrição ou risco de desenvolvê-la, visando melhorar a evolução e a resposta do paciente à doença, através de observações padronizadas feitas pela equipe. Os protocolos de identificação de pacientes em alto risco devem ser realizáveis, práticos e rápidos, bem como, devem ser adaptados e melhorados em cada unidade de trabalho

Entre as principais causas de ingestão alimentar insuficiente em pessoas hospitalizadas podemos citar

  • Dor, disfagia, náuseas e vômitos
  • Dieta restrita
  • Dependência física
  • Jejum para exames
  • Regras e horários
  • Pessoas estranhas
  • Espaço físico limitado
  • Inapetência (medo, medicamentos, procedimentos)
  • Ambiente estranho (cama, banheiro, odores, ruídos)

Um grande ponto a ser questionado é : Como o enfermeiro que não trabalha em uma Unidade Especializada em Nutrição pode atuar para evitar a desnutrição Intra Hospitalar?

  • Em primeiro lugar, saber que há necessidade de se ofertar no mínimo 1800 calorias por dia para atender as necessidades calóricas de um paciente, sem elevado grau de espoliação calórica;
  • Considerar que todos os pacientes necessitam cuidados nutricionais, acompanhando-se a quantidade da ingestão diária;
  • Estar atento aos pacientes que não conseguem ou que precisam de ajuda para se alimentar, bem como aqueles pacientes com risco de desnutrição ou já desnutridos;
  • Aferir o peso corporal e altura no início da internação e discutir sobre perda de peso, problemas com apetite e preferencias alimentares junto aos demais membros da equipe;
  • Avaliar mudanças no estado de hidratação e acompanhar a quantidade e característica da diurese diariamente;

Observar e registrar condições de locomoção, dentição e mastigação, capacidade de alimentar-se sozinho, tipo de alimentos que consegue/prefere ingerir;

  • Estar em contato com familiares e com os demais membros da equipe buscando soluções e alternativas para que o paciente possa se adaptar ao ambiente hospitalar e se alimentar de acordo com o desejável;
  • Valorizar envolvimento/comprometimento de toda a equipe de enfermagem quanto ao cuidado nutricional, agindo em conjunto com os profissionais de nutrição, da instituição de saúde;

  • Planejar a assistência de forma a visar o tratamento, adaptação ao ambiente, além do conforto e bem estar do paciente.
  • Atualizar-se e conhecer equipamentos modernos que visem a segurança, o conforto e a comodidade para o paciente como sondas, cateteres, agulhas, bandejas suportes para o leito dentre outros:
  • Estar alerta às complicações mecânicas, infecciosas e metabólicas passíveis de ocorrer durante a terapia nutricional especializada.
  • Realizar técnicas corretas de acesso e administração das soluções nutritivas, conforme protocolos de cuidados.
  • Rever e avaliar constantemente os protocolos e efetuar mudanças ao surgirem dificuldades ou problemas.
  • Favorecer um ambiente hospitalar agradável e acolhedor;
  • Valorizar o auto cuidado, independência e preparar o paciente para continuar sua vida no ambiente domiciliar, convivendo com as limitações e visando uma melhor qualidade de vida.

V amos nos organizar para que a alimentação seja mais valorizada, e vamos discutir em equipe, quais as medidas que devem ser tomadas para que o paciente possa se beneficiar não somente dos medicamentos mas também dos alimentos.

Maria do Rosário Del lama De Unamuno

Maria Isabel Pedreira de Freitas Ceribelli

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